30 de agosto de 2007

Tammy

Há muito tempo, havia um menino de dois ou três anos que muitas vezes, sem quê nem porquê, precisava de mimo. E queria-o sempre da mesma maneira. Eu tinha de largar os livros por onde estava a estudar, pôr “aquela” canção a tocar no gira-discos – tinha de ser Tammy – agarrar-lhe ao colo, deixá-lo encostar a cabeça no meu ombro de adolescente e embalá-lo enquanto o abraçava com muita, muita força.
Ainda agora, quando ouço estes sons, sinto a cabecinha dele escondida no meu pescoço e os braços de criança nos meus ombros.

Muitos anos depois reencontrei a canção. Mas o homem em que o menino se tornara esquecera “Tammy”, esquecera que tinha precisado de mimo e que eu lho dera. E as notas da canção não lhe trouxeram nenhuma reminiscência.

Apesar disso, neste momento, por dentro de mim, trauteio Tammy como quem murmura uma canção de embalar. E peço ao menino que durma, que se deixe dormir, suavemente, e que nesse adormecer haja ao menos um nadinha do meu embalo. Ao menos um som ao longe, vindo de um passado que há tanto tempo deixou de existir.

25 de agosto de 2007

Ei-las em trânsito

Os meus genes andam dentro delas por aí a passear.
Chegou pelo telemóvel, a fotografia. Não sei onde estavam, mas era decerto passeio grande, para a Daniela estar no carrinho. :-)